segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Preâmbulo


Lembro com exímio cuidado o dia que ensaiei os meus primeiros versos. Uma fulana, colega de escola, atacava-me a memória a todo instante. Minha maior preocupação naqueles dias era passar de ano e deixa-la na recuperação a vista de outros olhos e longe dos meus. Insuportavelmente contaminado por um sentimento que ainda não entendia (e confesso que ainda hoje não o entendo), bebia das mil canções que meu padrasto ouvia embriagado nos finais de semana. Entre Robertos, Adonirans e Cartolas, resolvi como num grito de socorro, imprimir as letras que sufocavam no meu coraçãozinho (até então ingênuo) ensopado de tinta.

Depois de alguns anos adquiri um diário e desenvolvi o hábito de escrever sentimentos, e após chegar a maior idade percebi que a vontade de engendrar versos não havia se dissolvido. Tentei música, cinema, HQs, mas só agigantavam a teia de versos que em mim nascera. Foram os versos que torturaram meus dias, alongaram e abreviaram as minhas horas, enganaram-me com esperanças que nunca existiram. Foram eles que me encaminharam a meu curso de graduação e por fim, ensinaram me o caminho para o coração da minha dama.

Trago agora a este blog, a vontade que a muito inseri nas muitas páginas do meu caderno de Ensino Fundamental: fabricar versos. E se as minhas Impressões Intimistas incomodam, favor feche esta página e vá ler um livro.

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