Lembro com exímio cuidado o dia que ensaiei os meus primeiros versos.
Uma fulana, colega de escola, atacava-me a memória a todo instante. Minha maior
preocupação naqueles dias era passar de ano e deixa-la na recuperação a vista
de outros olhos e longe dos meus. Insuportavelmente contaminado por um
sentimento que ainda não entendia (e confesso que ainda hoje não o entendo),
bebia das mil canções que meu padrasto ouvia embriagado nos finais de semana. Entre
Robertos, Adonirans e Cartolas, resolvi como num grito de socorro, imprimir as
letras que sufocavam no meu coraçãozinho (até então ingênuo) ensopado de tinta.
Depois de alguns anos adquiri um diário e desenvolvi o hábito de
escrever sentimentos, e após chegar a maior idade percebi que a vontade de
engendrar versos não havia se dissolvido. Tentei música, cinema, HQs, mas só
agigantavam a teia de versos que em mim nascera. Foram os versos que torturaram meus dias, alongaram e abreviaram as minhas
horas, enganaram-me com esperanças que nunca existiram. Foram eles que me encaminharam a
meu curso de graduação e por fim, ensinaram me o caminho para o coração da
minha dama.
Trago agora a este blog, a vontade que a muito inseri nas muitas
páginas do meu caderno de Ensino Fundamental: fabricar versos. E se as minhas Impressões Intimistas incomodam, favor feche esta página e vá ler um livro.
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