sexta-feira, 1 de julho de 2016

Assistindo Dory!



Ontem assisti Procurando Dory(2016), uma continuação animada desnecessária dado o título da obra. Contudo, surpreendeu-me, o discurso fílmico embebido na defesa da diversidade, faz-nos repensar nas possíveis limitações que nos apoiamos como subterfúgio para não fazer isto ou aquilo.  Enfim, analisar a película Dory sem “relembrar” o Procurando Nemo (2003) é quase impossível.  Faço agora uma leitura do primeiro filme citando pontos que julgo significativos, posteriormente adentro na segunda obra, também enaltecendo os pontos que considero principais, digo de antemão que se você(s) não assistiu nenhuma das obras ou mesmo uma delas: SPOILERS.
O Procurando Nemo foi assustadoramente bom, uma animação que trouxe em sua narrativa a figura paterna superprotetora que oprimia a figura do filho, tudo por conta da experiência traumática do pai que assistiu um predador dizimar a família, e o único membro que sobrou foi Nemo, seu filho. Associado a isso, tal peixinho tem uma deformidade em uma das suas nadadeiras por conta da supracitada experiência. Além do pai excessivamente zeloso, temos uma tartaruga marinha com gírias de surf, um pelicano que é aficionado por jargões odontológicos, três tubarões que optaram parar de comer peixes, e por conta disto sofrem crises de abstinências, criaturas marinhas com TOC que convivem em um aquário (é digno de ênfase que ao final do filme eles fogem para o mar, envoltos em bolsas plásticas, uma alusão a falsa liberdade que o próprio Nemo vivencia), além da figura de Dory, uma peixinha que “sofre de perda de memória de curto prazo”. O protagonista Merlin, um peixe palhaço (ironicamente por conta de seu abalo emocional, ele é totalmente distante daquilo que poderíamos chamar de  alegria) perde seu filho e inicia uma odisseia para alcançá-lo.  Contudo, Nemo afastado do pai, consegue amadurecer, sem apregoar a ideia de ser um coitadinho ou alguém solitário.
Ainda com Andrew Stanton na direção e no roteiro, Procurando Dory não repete a formula de Nemo, ao querer mostrar a causa originária da deficiência dela, assim como fez com Nemo há 13 anos.  Enfoca na sua relação com seus pais, que a ajudaram na sua limitação “de perda de memória de curto prazo”. A perda de memória de curto prazo é também conhecida como amnésia anterógrada, que é o comprometimento da fixação mnemônica, ou seja, não consegue formar novas memórias. Geralmente isso ocorre quando há lesões no hipocampo e corpos mamilares. Por não haver consolidação das recordações, há sempre a impressão que o agora é novo. Mas como já fora dito, Stanton não nos dá uma explicação para a deficiência de Dory, seu discurso é mostrar como alguém “limitado” pode mostrar-se ilimitado. A inserção da canção Unforgettable (de Nat King Cole, interpretada por Sia) é a prova disto. Dory se apropria de suas relações e seu sistema límbico, atribui significações de sentidos e valores, compreendidos pelo sistema central na consistência das emoções. Eis a razão de ela lembrar-se sempre ou quase sempre de Marlin, Nemo, Hank, Destiny, além de seus pais.

O filme mostra-se ótimo em muitos aspectos, os novos personagens (Hank, Destiny, Bailey, Sigourney Weaver kkkkkk), a trilha de Thomas Newman, a arte da Pixar, além do óooooootimooo rooooteeeeeeeiro*.
*Idioma baleiês

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