sexta-feira, 22 de julho de 2016

A romantização do suicídio!




“Aristóteles dizia que amar é alegrar-se, mas é também surpreender-se e deslumbrar-se perante um clique que se produz quando se encontra aquela pessoa que não estava nos nossos planos. Daí a pergunta típica de um apaixonado ao outro: onde estavas antes de nos conhecermos? ou como podes ter existido sem que eu o soubesse? ” O texto supracitado é da autoria de um psicólogo, filósofo e professor acadêmico de Madri, e fala da nossa entrega diante daquele sentimento que denominamos “amor”. Enquanto assistia ao filme Como Eu Era Antes de Você (2016) baseado no livro homônimo da Jojo Moyes, questionava a rendição do público frente a “essas” releituras de contos de fadas, tamanho frenesi sustentado pelo o argumento: é um best-seller!
A película Como Eu Era Antes de Você, é sobre uma inglesa de origem simples, Louisa Clark (Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen), que procura um emprego para ajudar nas despesas da sua família, logo é contratada para trabalhar no castelo de Will Traynor (Sam Claflin) como cuidadora. Will sofre um acidente e fica tetraplégico, por isso necessita de uma cuidadora. Louisa descobre que ele está disposto a desistir (eutanásia ou suicídio assistido), e tenta ao máximo alegrar a vida dele.
Construído por excessivos clichês, o filme Como Eu Era Antes de Você (2016) é uma colcha de remendos de obras fílmicas (também adaptadas de best-sellers) como: Intocáveis, 2011 (retrata a relação de amizade entre um tetraplégico e seu cuidador); Mar adentro, 2004 (discute sobre o direito legal de tirar a própria vida, o personagem também é tetraplégico); Tudo por Amor ,1991 (jovem rico que tem leucemia e apaixona-se por sua cuidadora); e por último e o não menos importante, 50 Tons de Cinza, 2015 (bilionário que abusa físico e mentalmente de uma moça ingênua que submete-se para tentar mudá-lo, e ao que parece ele não tem grana suficiente para pagar um analista ). Certo! A última referência parece um absurdo, mas os moldes são os mesmos. Moça de origem humilde e insegura, bilionário problemático que desconhece o amor, um encontro de mundos avessos que gera um amor arrebatador. Julgo a animação A Bela e a Fera (1991), original e bem mais honesto, sobretudo por seu caráter mágico e ficcional.
Não é a previsibilidade das cenas que nos incomodam, a problemática maior do longa-metragem da Thea Sharrock está na narrativa, que também é roteirizado pela Jojo Moyes, esta, floreia o debate acerca da eutanásia, dando um propósito meigo: o amor sem medidas ou carpe diem. Ora, o filme tropeça no próprio discurso, mostrando que a relação de ambos (Lou e Will) foi superestimada, o que ele intentava fazer antes de conhecê-la, ele faz, suicida-se. Mesmo ela afirmando que a função dela era impedir. A verdadeira transformação ocorre com ela a Srta. Louisa, ela trai o noivo, mas não é o amor que a molda, mas o dinheiro. Ela se apregoa aos hábitos burgueses, e sua postura e roupas extravagantes mudam no desenrolar da obra (a cena final, ela tomando café em Paris é um belo exemplo). Enfim, o melhor do filme é a canção de Ed Sheeran – Photograph, que você pode ouvir/assistir abaixo:


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