“Aristóteles
dizia que amar é alegrar-se, mas é também surpreender-se e deslumbrar-se
perante um clique que se produz quando se encontra aquela pessoa que não estava
nos nossos planos. Daí a pergunta típica de um apaixonado ao outro: ≪ onde estavas antes de
nos conhecermos? ≫
ou ≪ como podes ter
existido sem que eu o soubesse? ≫”
O texto supracitado é da autoria de um psicólogo, filósofo e professor
acadêmico de Madri, e fala da nossa entrega diante daquele sentimento que
denominamos “amor”. Enquanto assistia ao filme Como Eu Era Antes de Você (2016)
baseado no livro homônimo da Jojo Moyes, questionava a rendição do público
frente a “essas” releituras de contos de fadas, tamanho frenesi sustentado pelo
o argumento: é um best-seller!
A
película Como Eu Era Antes de Você, é sobre uma inglesa de origem simples,
Louisa Clark (Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen), que procura um emprego para
ajudar nas despesas da sua família, logo é contratada para trabalhar no castelo
de Will Traynor (Sam Claflin) como cuidadora. Will sofre um acidente e fica
tetraplégico, por isso necessita de uma cuidadora. Louisa descobre que ele está
disposto a desistir (eutanásia ou suicídio assistido), e tenta ao máximo
alegrar a vida dele.
Construído
por excessivos clichês, o filme Como Eu Era Antes de Você (2016) é uma colcha
de remendos de obras fílmicas (também adaptadas de best-sellers) como: Intocáveis, 2011 (retrata a relação de
amizade entre um tetraplégico e seu cuidador); Mar adentro, 2004 (discute sobre o direito legal de tirar a própria
vida, o personagem também é tetraplégico); Tudo
por Amor ,1991 (jovem rico que tem leucemia e apaixona-se por sua
cuidadora); e por último e o não menos importante, 50
Tons de Cinza, 2015 (bilionário que abusa físico e mentalmente de uma
moça ingênua que submete-se para tentar mudá-lo, e ao que parece ele não tem
grana suficiente para pagar um analista ). Certo! A última referência parece um
absurdo, mas os moldes são os mesmos. Moça de origem humilde e insegura,
bilionário problemático que desconhece o amor, um encontro de mundos avessos
que gera um amor arrebatador. Julgo a animação A Bela e a Fera (1991), original e bem mais honesto, sobretudo por
seu caráter mágico e ficcional.
Não
é a previsibilidade das cenas que nos incomodam, a problemática maior do
longa-metragem da Thea Sharrock está na narrativa, que também é roteirizado pela
Jojo Moyes, esta, floreia o debate acerca da eutanásia, dando um propósito
meigo: o amor sem medidas ou carpe diem. Ora, o filme tropeça no próprio
discurso, mostrando que a relação de ambos (Lou e Will) foi superestimada, o
que ele intentava fazer antes de conhecê-la, ele faz, suicida-se. Mesmo ela
afirmando que a função dela era impedir. A verdadeira transformação ocorre com
ela a Srta. Louisa, ela
trai o noivo, mas não é o amor
que a molda, mas o dinheiro. Ela se apregoa aos hábitos burgueses, e sua
postura e roupas extravagantes mudam no desenrolar da obra (a cena final, ela
tomando café em Paris é um belo exemplo). Enfim, o melhor do filme é a canção
de Ed Sheeran – Photograph, que você pode ouvir/assistir abaixo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário