quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Os valores do terror em Cães de Guerra



Cães de Guerra (War Dogs) EUA, 2016.
Direção: Todd Phillips




Todd Phillip tem uma filmografia de gosto duvidável. Suas películas até então eram sempre lugar-comum, demonstrações de festas, regadas a bebidas e drogas, temperadas com uma comicidade non sense. Em War Dogs (Cães de Guerra, aqui no Brasil) Phillip assume uma postura diferente, engendra um filme documental. Na trama, dois amigos de infância reencontram-se em um funeral, Johan Hill (que está impagável) é a ovelha negra dos tempos de moleque, atua em um comercio de armas legal, seu amigo interpretado pelo Miles Teller, é um massoterapeuta que não consegui despontar na vida e aposta suas economias em lençóis importados para lar de idosos. O fator que ele não previa é que “ninguém liga para os idosos”. Ora, o diretor levará essa máxima até as últimas consequências. Não são apenas os idosos que são achincalhados, mas toda população norte americana, como grande financiadora de um mercado de guerra. “Dane-se o contribuinte americano”. David (Miles Teller) e Efraim (Jonah Hill) conseguem um contrato de U$ 300 milhões para fornecer armas e munições para o exército americano. Uma crítica contundente é quando Dick Cheney é invocado como o senhor da América. Para quem não sabe, o político Cheney, foi o grande articulador da invasão ao Iraque em uma “guerra do terror” que levou a morte de inocentes e do ditador Saddam Hussein, que segundo Bush, o ditador iraquiano estocava armas biológicas, mas estas, nunca foram encontradas. Na política capitalista americana, em sua cadeia hierárquica de lucros, o governo, seu exercito, empresários e contribuintes são favorecidos por mortes de inocentes. Ficamos alarmados quando no filme vemos “alguns” espólios da guerra do Iraque, blocos gigantescos de dinheiro, empilhados um sobre o outro, somando um montante de U$ 12 bilhões, e sendo administrado pelo exército norte americano. Os soldados também são descritos no início do filme, cada um é portador de um equipamento de U$ 17 mil, financiado pelos contribuintes. 
A referência cinematográfica que marca a obra é o Scarface (1984), aparece no escritório da empresa YeA um pôster do Pacino, frases deste filme do Brian de Palma também são descritas. Outra menção é uma granada de ouro que é dada como premiação pelo dono da empresa, o Efraim. Fundamentado no artigo da revista Rolling Stone americana, o filme aposta em uma narrativa baseada em eventos reais, com intervalos nomeados trazendo um aspecto episódico à obra, reafirmando seu aspecto documental. Com uma sincronia não linear, o filme, tal qual a franquia se beber não case, inicia com o desfecho. Indubitavelmente é o melhor trabalho de Phillip. Outro grande ponto alto do filme são as músicas, de Richard Wagner, Aerosmith, Leonardo Choen, também 50 Cent.

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